Passos dos Jesuítas – Anchieta

Passos dos Jesuítas – Anchieta

A rota de peregrinação Passos dos Jesuítas – Anchieta, também chamado de “Caminhos de Anchieta” segue o caminho das missões jesuítas pelo litoral paulista, abrange o trecho entre as cidades de Peruíbe e Ubatuba. A ideia do projeto litorâneo, que homenageia o santo, é assumir o formato de peregrinação religiosa, como a dos Passos de Anchieta, que acontece no Espírito Santo, ligando as cidades de Vitória e Anchieta. O jesuíta ajudou a construir a história do Brasil, percorrendo diferentes estados, e criou o Colégio de Piratininga, inaugurado em 25 de janeiro de 1554, que deu origem à cidade de São Paulo.

Padre Anchieta - ilustração
Padre Anchieta – O homenageado desta rota de peregrinação

O projeto, desenvolvido pelo governo do Estado de São Paulo, tem um percurso de 360 km de extensão e cruza diversas cidades do litoral paulista. Uma rota inspirada nos caminhos percorridos pelos jesuítas na segunda metade do século 16 e com destaque para o poeta, professor e historiador José de Anchieta. A pé, uma pessoa normalmente percorre a rota em aproximadamente 16 dias.

O objetivo do Passos dos Jesuítas Anchieta é, de acordo com o jornalista Marcelo Juvenal (um de seus idealizadores), colocar o caminhante “em contato com o patrimônio natural, monumental e religioso” da costa paulista. “No caminho, além de admirar a natureza e os pontos turísticos das cidades litorâneas, o viajante irá conhecer lugares que marcaram a passagem dos jesuítas pela área”.

Entre esses marcos históricos, que são 23 ao longo do percurso, estão as ruínas do Abarebebê (capela construída a mando do padre Leonardo Nunes onde hoje é a cidade de Peruíbe), as ruínas da ermida Guaibê (onde os jesuítas se encontravam para rezar e catequizar os índios), a Biquinha de São Vicente (outro ponto de catequização indígena), a chamada “Cama de Anchieta” (formação rochosa localizada no litoral de Itanhaém e que, segundo a história, era o local de oração e meditação preferido de Anchieta), culminado na Praia do Itaguá, local onde José de Anchieta foi prisioneiro dos índios tupinambás e escreveu seu primeiro poema em latim nas areias da praia.

Passos dos Jesuítas - Anchieta
Passos dos Jesuítas – Anchieta

Preparativos
Os aventureiros que quiserem percorrer o trajeto, devem fazer inscrição no site www.caminhasaopaulo.com.br e assim habilitar um cartão eletrônico que renderá descontos em hotéis e restaurantes que existem no caminho. O dispositivo também poderá ser usado para registrar a passagem dos viajantes por cada um dos 22 pórticos eletrônicos espalhados ao longo do percurso. O trajeto, segundos organizadores da iniciativa, o turista pode ser percorrido em partes, não é necessário vencer os 360 quilômetros de uma só vez.

“É um projeto universal, feito tanto para aquela pessoa que quiser se hospedar em um hotel  5 estrelas como para aquela que quiser carregar uma barraca de camping e dormir na areia”, diz Maurício Juvenal. “O importante é que as pessoas conheçam melhor a história e as paisagens do caminho”.

O cartão eletrônico contém um chip que, ao ser passado por pórticos eletrônicos espalhados pela rota oficial, registra a passagem na página pessoal do usuário no site. Registrada a passagem do viajante  ao menos por 12 pórticos, o site gera automaticamente um certificado on-line para ser impresso no portal: o “Jesuit Magna”. Além disso, durante a caminhada, os parentes e amigos podem ter acesso aos locais por onde o andarilho passou, por meio de sua página personalizada e os registros feitos pelo cartão inteligente.

Passos dos Jesuítas - Anchieta
Passos dos Jesuítas – Anchieta

Destaques das cidades da rota Passos de Anchieta em São Paulo
Peruíbe –
O marco zero do caminho é no Mercado de Peixes, em Peruíbe. A cidade oferece várias belezas naturais que interagem com as marcas deixadas pelos jesuítas, entre elas, as Ruínas do Abarebebê, onde os padres jesuítas batizavam os índios catequizados da região.

Itanhaém – Do Tupi “pedra que canta”, a cidade ganhou esse nome pelo som de murmúrio decorrente da arrebentação violenta do mar em alguns pontos de sua costa. Seu potencial turístico divide-se entre os mais de 20 Km de sol e praia e as heranças culturais deixadas pelos jesuítas no início do povoamento da região. Por volta de 1532, seus primeiros habitantes edificaram, no alto do morro do Convento, uma pequena capela de barro em taipa de pilão e decidiram devoção à Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém.

Mongaguá – As tantas viagens feitas pelos jesuítas, acabaram por encontrar em Mongaguá um lugar propício para o descanso. O Poço das Antas, hoje parque ecológico com piscinas naturais, era um dos prováveis locais de parada dos padres jesuítas que percorriam a região em suas missões de catequese.

Praia Grande – Os pequenos povoados estabelecidos ao longo das terras de Praia Grande passaram a ter desenvolvimento considerável somente após as construções da Fortaleza de Itaipu e da Ponte Pênsil. Um dos lugares mais conhecidos da cidade é o bairro do Boqueirão, antigamente chamado de Porto do Rei, onde foi erguida uma capela em devoção a Santo Antônio.

Placa Caminhos de Anchieta em Ubatuba
Placa Caminhos de Anchieta em Ubatuba

São Vicente – Primeira cidade do Brasil fundada por Martim Afonso de Souza em 22/01/1532, abriga importantes locais de homenagem aos jesuítas, como a Estátua do Padre Anchieta, na Praça da Biquinha. Próximo dali, está o Porto das Naus, de onde partiram as primeiras expedições portuguesas rumo ao interior. Inclusive, em uma dessas incursões, foi fundada a Vila de São Paulo de Piratininga, hoje cidade de São Paulo.

Santos – O Outeiro de Santa Catarina é o marco inicial da cidade de Santos. Ali foi construída uma capela, por Luís de Góes e Catarina Aguiar, em homenagem a Santa Catarina, onde José de Anchieta, anos mais tarde, celebrou missas. Junto a capela, Braz Cubas ergueu sua casa e fundou a primeira Santa Casa de Misericórdia do Brasil. A partir de então, começou a ser formada a “Vila de Santos”.

Cubatão – Devido à sua localização entre planalto e porto, Cubatão era ponto obrigatório de passagem de índios e jesuítas, tendo ali iniciado a escalada da Serra do Mar. Na época, a cidade funcionava como importante ponto de transporte, carga e descarga. Em 1803, o então Governador da Capitania ordenou a edificação do povoado de Cubatão sobre a extinta Fazenda dos Jesuítas, sesmaria que ia do Rio das Pedras ao Rio dos Pilões.

Cidades por onde passa a rota Passos dos Jesuítas-Anchieta. Elaboração Patricia Mariuzzo, 2016.
Cidades por onde passa a rota Passos dos Jesuítas-Anchieta. Elaboração Patricia Mariuzzo, 2016.

Guarujá – As ruínas da Ermida de Santo Antonio do Guaibê foi um dos locais onde o Padre José de Anchieta rezou missas e catequizou os índios. Consta que a Fortaleza de Santo Amaro de Barra Grande, importante na defesa da Baia de Santos, foi construída com incentivo de Anchieta, que fez previsões de acontecimentos futuros, inclusive ataques piratas por mar.

Bertioga – Local estratégico de passagem para índios e jesuítas, Bertioga teve que construir um lugar para facilitar a defesa das vilas, por isso a construção, em 1547, do Forte São Tiago, hoje chamado Forte São João, considerado o primeiro forte do Brasil. Neste, os jesuítas Nóbrega e Anchieta passaram cinco dias antes de prosseguir na missão de chegar a Iperoig, hoje Praia dos Cruzeiro em Ubatuba. Para eternizar a passagem, foi construído na cidade o Parque dos Tupiniquins.

São Sebastião – Destaca-se por possuir em seu território 33 belíssimas praias, dezenas de cachoeiras e exemplares magníficos de flora e fauna no Parque Estadual da Serra do Mar, local que também abriga um sitio arqueológico.  Dentre os principais portugueses do século XVI enviados para desbravar a nova terra e catequizar os índios, José Anchieta destacou-se em suas missões como professor, poeta, historiador, gramático e fundador da literatura, teatro e poesia brasileira.

Caraguatatuba – No século XVI a então chamada Vila de Santo Antônio de Caraguatatuba era habitada por índios tupinambás e guaramomis, que começaram a ser catequizados pelos padres José de Anchieta e Manuel Veigas por volta de 1574. Na época, o lugar era conhecido como terra abundante em caraguatás, um tipo de bromélia cujas fibras eram usadas pelos jesuítas para confeccionar suas sandálias, dai a origem da denominação “Caraguá”.

Estrada do Caisão e placa Caminhos de Anchieta
Estrada do Caisão e placa Caminhos de Anchieta

Ubatuba – Em meados dos século XVI, essas terras serenas eram dominadas pelos índios tupinambás e tupiniquins que, na tentativa de se protegerem dos ataques dos portugueses, organizaram a Confederação dos Tamoios. Para tentar pacificar a região, o jovem Anchieta ofereceu-se como moeda de troca para selar a paz entre os envolvidos, ocasionando o primeiro tratado de paz no continente americano, a Paz de Iperoig.

Fonte de informações:
www.passosdosjesuitas.com.br
www.caminhasaopaulo.com.br