Aldeia Renascer Ywyty Guaçu

Aldeia Renascer Ywyty Guaçu

A Aldeia Renascer Ywyty Guaçu foi fundada em 22 de setembro de 1999 por cinco famílias indígenas Tupi Guarani e Guarani. A ocupação foi comandada pelo cacique Antonio da Silva Awá e seu objetivo era reconquistar o espaço tradicional pertencente aos seus ancestrais.

Placa na entrada da Aldeia Renascer
Placa na entrada da Aldeia Renascer

Localizada aos pés do Pico do Corcovado, a aldeia Renascer é mais que um ponto de atração turística, é considerada um dos elos do processo de formação de nosso povo, já que os índios foram os primeiros moradores de nosso país e que em nosso litoral realizaram eventos de repercussão internacional, como a Confederação dos Tamoios e a Paz de Iperoig. De raiz Tupi e Guarani, a aldeia possui cerca de 23 famílias num total de 105 pessoas (dados de 2023), distribuídas em 2.500 hectares de belas paisagens e rios de águas cristalinas. Em 1999, o local onde hoje está localizada a Aldeia Renascer, era utilizado como espaço cênico-cinematográfico e foi palco do filme épico “Lá vem nossa comida pulando”, que retrata a história de aventura de Hans Staden ao registrar a vida dos índios do Brasil.

Aldeia Renascer e o Pico do Corcovado ao fundo
Aldeia Renascer e o Pico do Corcovado ao fundo

De relevante importância à formação da identidade do povo brasileiro, os índios que lá habitam aprenderam a trabalhar as ferramentas tecnológicas e de informação de nosso século. Povo ordeiro e tranquilo, o local está aberto à visitação pública, desde que avisada com antecedência. Além das áreas de interesse cultural, antropológico, cênicos e ambiental, a aldeia tem a escola E.E.I. “Penha Mitãngwe Nimboea” de educação infantil e EJA (Educação de Jovens e Adultos), inclusive com aulas bilíngues e que funciona em três turnos de aulas.

Escola na Aldeia Renascer Ywyty Guaçu
Escola na Aldeia Renascer Ywyty Guaçu

A aldeia possui acesso à internet via satélite, o que mantém os professores “antenados” não só as outras tribos, mas também aos avanços globais e temas mundiais, regionais e local aos interesses indígenas. A constituição de 1988 assegurou à nação indígena o direito à educação, inclusive diretrizes especificas da Educação Escolar Indígena. Em todo Brasil são pouco mais de 2.500 escolas indígenas distribuídas em 24 estados. Só em São Paulo são 1.500 alunos distribuídos por 30 escolas, onde as aldeias somam aproximadamente 5.000 índios. Nestas escolas os professores passam por capacitação profissional especifica já que as aulas são bilíngues.

Aldeia Renascer
Aldeia Renascer

Atualmente grande parte dos professores indígenas possui nível superior, como é o caso do professor Awa Kiririndju (Cristiano de Lima Silva), formado em pedagogia pela Universidade de São Paulo. É interessante acompanhar uma aula bilíngue, já que quem mais aprende é o observador, os temas são os cotidianos e as palavras retiradas da localidade.

Aldeia Renascer Ywyty Guaçu
Aldeia Renascer Ywyty Guaçu

Com visão a respeitabilidade, ao conhecimento da história da formação do município e do país, ao atrativo turístico e cultural, especialistas apontam várias vantagens a inserção na grade curricular escolar a temática sobre a história indígena, principalmente em Ubatuba que é celeiro de importantes acontecimentos com esta primeira população. A escola tem potencial para vários projetos educacionais e de pesquisa, o que traz para região, investimentos e colaboração científica. Estudantes e especialistas cada vez mais procuram temas relacionados à formação do povo brasileiro, não só em relação a cultura indígena como também sobre os quilombolas e comunidades tradicionais.

Posto de Saúde na Aldeia Renascer
Posto de Saúde na Aldeia Renascer

Na década de 1970, havia um pensamento de que o desaparecimento da população indígena seria inevitável, felizmente nos anos seguintes o quadro mudou, com um crescimento de 3,5% ao ano, a população indígena aumentou e continua a lutar para manter suas terras e costumes. Segundo estudos do antropólogo Darcy Ribeiro, existiam 6 milhões de indígenas e mais de mil etnias em 1.500, hoje são cerca de 550 mil índios distribuídos em 230 grupos, que falam 180 línguas diferentes.

Natureza preservada nas terras da Aldeia Renascer
Natureza preservada nas terras da Aldeia Renascer

O Vice Cacique, Awa Aridjú (Donizete Machado), cujo significado do nome é o “homem do tempo”, relatou sobre a importância da pintura corporal, seja em caso de guerra, festividades e nos rituais de purificação e transformação. Segundo Aridjú, as pinturas para os homens são mais brutas e das mulheres mais singelas e detalhadas, cada desenho tem um significado e cada significado um sentimento.

O documentário a seguir mostra um pouco da história e cultura do povo da Aldeia Renascer:

O artesanato é rico em detalhes e nos remete a origem e a necessidade da tribo, e cada peça produzida tem um rito a começar pelo tempo de retirada do material. Como eles seguem ainda o calendário natural, a matéria prima é estudada e colhida no tempo, tamanho e necessidade certa para a sua transformação. Aridjú acrescenta que existe a troca de material entre as tribos, como no caso deles, que trocam madeira e cipó com penas e outros adornos com os índios do Xingu.

Lago dentro da Aldeia Renascer
Lago dentro da Aldeia Renascer

Toda esta relação mantém não só a amizade e a confiança entre os povos, mas mantém laços fraternais muito importantes a manutenção da cultura indígena. Na Aldeia Renascer é possível avistar plantações realizadas pelos membros da aldeia, são pés de palmito pupunha, mandioca, abacaxi e banana em grande roça e pequenas outras culturas no entorno das residências, como algumas plantas medicinais.

Aldeia Renascer
Aldeia Renascer

 “A força indígena vem da cultura, espiritualidade e da terra. Um povo que não tem cultura, não tem identidade. Um povo sem espiritualidade, não conhece a natureza. Um povo que não tem terra, morre!” Marcos Terena, membro da cátedra Indígena itinerante, diretor do Memorial dos Povos Indígenas na Organização das Nações Unidas – ONU.

Aldeia Renascer - Localizada na região sul de Ubatuba
Aldeia Renascer – Localizada na região sul de Ubatuba

Atualização (Setembro de 2023) – Fonte: Governo do Estado de São Paulo
O Governo de São Paulo nomeou o Cacique Cristiano AWA Kiririndju de Lima Silva, da etnia tupi-guarani, da Aldeia Renascer, formado em pedagogia pela USP, coordenador pedagógico da Secretaria de Estado da Educação, para Coordenadoria de Políticas para Povos Indígenas (CPPI), da Secretaria da Justiça e Cidadania. A criação da CPPI, por meio do decreto 67.859/2023, atende a uma reivindicação do CEPISP – Conselho Estadual dos Povos Indígenas de São Paulo, e objetiva aprofundar as ações e ampliar a participação social das etnias localizadas no território paulista.

Cacique Cristiano AWA Kiririndju e Secretário de Justiça e Cidadania, Fabio Prieto

Encravada no litoral norte de São Paulo, dentro do Núcleo Picinguaba, em Ubatuba (um dos dez mais importantes do Parque Estadual da Serra do Mar), a Aldeia Renascer, tupi-guarani, é símbolo da luta dos povos indígenas por seus direitos e autonomia, e berço do Cacique Cristiano. A Renascer é uma das comunidades indígenas mais organizadas de São Paulo, entre as dezenas de etnias presentes no estado, coabitado por Tupis-Guaranis, Guaranis, Terena, Kaingang e Krenak, dentre outras. A Aldeia possui uma escola indígena multilíngue, uma casa de reza e várias residências tradicionais para as famílias.

Por iniciativa do CEPISP, a Fundação Florestal de São Paulo autorizou o credenciamento dos membros da aldeia para atuarem como “guardiões da Mata Atlântica”, com treinamento e apoio de drones e câmeras modernas. A Aldeia Renascer conseguiu recursos, por meio de emenda parlamentar, para a construção de um Centro Cultural e de Convenções Indígenas em seu território, com direito a alojamento especial para turistas e estudantes.

Fonte de Informações:
https://fundart.com.br/tradicao/comunidades/indigenas/
https://www.cpisp.org.br/etnodesenvolvimento/html/aldeia.html
https://aldeiarenascer.blogspot.com.br/
http://www.maranduba.com.br/aldeiacorcovado.htm