Fandango Caiçara de Ubatuba

Fandango Caiçara de Ubatuba

O fandango chegou ao Brasil através dos portugueses, vindo dos açores no século XVIII e envolve praticantes nos litorais de São Paulo e Paraná. É um gênero musical e coreográfico, fortemente associado ao modo de vida da população caiçara. Sua prática sempre esteve vinculada à organização de trabalhos coletivos, mutirões, “puxirões ou pixiruns”, nos roçados, nas colheitas, nas puxadas de rede ou na construção de benfeitorias, onde o organizador oferecia, como pagamento aos ajudantes voluntários, um fandango, espécie de baile com comida farta.

Fandango Ubatubano – Imagem extraída do site da FundArt

Realizado em casamentos, aniversários e em eventos religiosos, o Fandango Ubatubano é composto por diversas danças com as mais variadas coreografias. Entre elas estão a xiba, tontinha, ciranda, recortado, cana verde, marrafa entre outras. Em algumas danças é comum os dançadores utilizarem tamancos feitos de madeira para manter o ritmo, cantado em versos tirados pelo mestre da dança. Na música que dá o ritmo ao fandango são usados como instrumentos a viola, machete, rabeca, pandeiro e caixa. Em Ubatuba o fandango é muito apreciado, pois trata de histórias do povo caiçara expressadas em forma de música.

Fandango caiçara na Praia do Bonete – Ubatuba | Imagens de @brunoamirimagens

O fandango é fruto de um processo histórico social próprio, e sua pratica, foi consolidada a partir do século XIX com a formação de sítios litorâneos, com a origem ligada a dimensões do trabalho na roça e na pesca, como divertimento do povo caiçara, e envolve música e dança, prestígios e rivalidades. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), classifica o Fandango Caiçara como uma forma de expressão enraizada no cotidiano das comunidades caiçaras e é reconhecido como patrimônio cultural imaterial brasileiro.

Fandango Caiçara – imagem de Tamoio News

Durante os bailes, os fandangueiros estabelecem redes de diálogos entre gerações, com o intercâmbio de modas e passos, viabilizando a manutenção da memória e da prática das diferentes músicas e danças.

Ô de Casa Salvaguarda do Fandango Caiçara
Ô de Casa: Mobilização, Articulação e Salvaguarda do Fandango Caiçara Projeto de mobilização e articulação de fandangueiros, grupos de fandango, instituições parceiras da sociedade civil e poderes públicos para fortalecer o contato, a cooperação e o intercambio entre eles fomentando assim a manutenção, difusão e divulgação do fandango caiçara. As ações deste projeto incorporam em seu modelo, o movimento proposto pelos mutirões, através do trabalho coletivo e propiciando a troca de ideias e ações culminando com a deliberação do Comitê Gestor da Salvaguarda do Fandango Caiçara, responsável pelo monitoramento e avaliação das ações de salvaguarda deste bem cultural.

Grupo Ô de Casa – Salvaguarda do Fandango Caiçara

São realizadas reuniões locais de salvaguarda envolvendo o território cultural do fandango caiçara em Paranaguá (PR), Guaraqueçaba (PR), Cananéia (SP), Iguape (SP) e Ubatuba (SP). Nestes encontros locais são realizados debates sobre a salvaguarda do fandango, respeitando as particularidades de cada região. Como pautas principais destes encontros locais temos o estudo e a compreensão do alcance jurídico do registro do fandango em sua interface com a questão do acesso e permanência da população caiçara em seus territórios, e a divulgação e visibilização do fandango enquanto bem cultural do patrimônio imaterial brasileiro.

Vestuário: Calça e camisa
Instrumentos: Viola, machete, rabeca e pandeiro

Fonte de Informações
https://fundart.com.br/tradicao/danca/fandango-ubatubano/

https://www.facebook.com/odecasasalvaguardadofandangocaicara/photos?locale=pt_BR