A Comunidade Quilombo Sertão do Itamambuca está localizada em área rural de Ubatuba, em um bairro chamado Sertão do Itamambuca. São descendentes de antigos escravos que trabalhavam nas terras do fazendeiro Modesto Antonio Barbosa, que cultivava café em grande escala, e portanto, acredita-se que possuía um grande número de escravos. A dimensão da propriedade é possível avaliar através das ruínas ainda existentes no local.
Projeto Quilombo Sustentável
O Quilombo Sertão do Itamambuca ganhou força por meio do projeto Quilombo Sustentável realizado pelo Instituto Terroá em parceria com a Petrobras. O projeto iniciou suas atividades em janeiro de 2023, buscando promover o desenvolvimento territorial sustentável no quilombo Sertão de Itamambuca e a valorização desta comunidade tradicional, que abriga cerca de 70 famílias (em jan. 2023), fornecendo subsídios para que possa se tornar autossuficiente e inspiração para outras comunidades.
Todas as atividades são realizadas com a participação e envolvimento da comunidade e da ARQCSI (Associação dos Remanescentes de Quilombo da Comunidade do Sertão de Itamambuca). Além da articulação e busca de parcerias com as instituições públicas e da sociedade civil da região, a construção da sede comunitária foi uma das metas do projeto.
Conheça o Projeto Quilombo Sustentável
Foi implementado um curso de formação de monitores ambientais na comunidade, em parceria com o Parque Estadual da Serra do Mar e a Ambière, que ministra o curso e monitora os estágios. O objetivo é formar e certificar pessoas da comunidade do quilombo para atuarem como monitores ambientais, recebendo turistas para apresentar as trilhas e os atrativos culturais e ecológicos dentro do território.
História
Conforme relatos de alguns descendentes de seus escravos, com a abolição, muitos dos escravos da Fazenda Sertão do Modesto continuaram morando e produzindo nas terras da fazenda, principalmente a mandioca, pois foi o produto que veio substituir o café, para a subsistência do grupo. De acordo com a certidão obtida no Cartório do Registro de Imóveis da cidade de Ubatuba é possível verificar que a fazenda continuaria contando com a presença dos ex-escravos, sob a condição do pagamento de renda na forma de dias trabalhados. O Sertão de Itamambuca foi reconhecido oficialmente como Comunidade Quilombola em 18/11/2010.
Desprovidos do direito de retirar da terra as condições para sua subsistência, por conta de uma longa espera do resultado dos trâmites burocráticos característicos da justiça brasileira, os quilombolas de Ubatuba tornam-se vitimados duplamente: social e juridicamente. Sem direito de viver das terras que historicamente ocupam, esperam, na prática o exercício das leis que foram criadas para beneficiá-los. Os quilombolas enfrentam a grilagem, processo que acontece desde tempos remotos e sendo intensificado com a construção da rodovia Rio Santos, em 1970. As terras dos caiçaras de Ubatuba, dentre eles os quilombolas sofreram grande valor imobiliário, despertando, assim, o interesse das classes de grande poder aquisitivo.
Artigo Técnico – Quilombo Sertão do Itamambuca de Ubatuba e suas memórias – Univap
Este artigo enfoca o processo histórico vivenciado por ex-escravos e descendentes da Comunidade Quilombola Sertão do Itamambuca, situada na Estrada Municipal da Casanga, no bairro do Itamambuca em Ubatuba/SP, comunidade também conhecida por Casanga.
A ocupação das terras remonta aos anos de 1856 até os dias atuais. Segundo relatos e documentos cartorários, descendentes diretos da ex-escrava Luiza e de sua filha Benedita, escravas que receberam do senhor Modesto Antonio Barbosa, fazendeiro, casado em 29/04/1862 com a senhora Francelina Antonia Barbosa, membro do Poder Legislativo de Ubatuba de 1865 a 1868, dono de vasta propriedade no local, em 1881 lavrou uma certidão, concedendo as referidas escravas, grande parte destas terras. Constando na certidão que Benedita era sua filha legítima e teria, por direito, usufruto das ditas propriedades.
Escritura de doação causa mortis, lavrada em 19.12.1881
O inventário do fazendeiro Modesto beneficiou grande parte de suas terras a suas escravas Luiza e a filha desta, Benedita, e logo depois da abolição da escravatura, beneficiou outros cinco ex-escravos em seu inventário. Foram beneficiados com terras na mesma localidade e alguns imóveis na cidade de Ubatuba, alegando “dívida de folha de pagamento” (certidão extraída da sentença do espólio de Modesto, processado e julgado em 25.04.1988). Então, consolida-se a formação da comunidade, confirmando sua permanência geração após geração, provendo destas terras seu sustento e moradia.
É preciso considerar a diversidade histórica e a especificidade de cada grupo e, ao mesmo tempo, o papel político desempenhado pelos grupos que reivindicam o reconhecimento como “remanescente de quilombo”. Uma curiosidade da época é que a história menciona que “os cativos que pertenciam a modestos donos urbanos tinham maior probabilidade de ganhar alforria do que os escravos de fazendeiros.
Quilombo Sertão do Itamambuca
Rua Benedito Januário Leite n2020, 123-133, Ubatuba – SP, 11680-000
e-mail: quilombosertaoitamambuca@gmail.com
Instagram: https://www.instagram.com/quilombosertaodeitamambuca/
Fontes de Informações:
https://www.cpisp.org.br/comunidades/html/brasil/sp/home_sp_lit_norte.html
https://fundart.com.br/tradicao/comunidades/quilombos/
https://www.itesp.sp.gov.br/br/info/acoes/rtc/RTC_Sertao_de_Itamambuca.pdf
https://www.yumpu.com/pt/document/read/15507199/quilombo-sertao-do-itamambuca-de-ubatuba-sp-e-suas-univap
https://www.tamoiosnews.com.br/noticias/cidades/projeto-quilombo-sustentavel-promove-acoes-em-prol-do-meio-ambiente-em-comunidade-tradicional-de-ubatuba/